segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Saltos históricos

Desbancando potências, brasileiras conseguiram vaga inédita na final por equipes; elas vão tentar outras 4 medalhas

Wilson Baldini Jr.


Choro, sangue, lágrimas e sorrisos. Foi com esses ingredientes que a seleção brasileira feminina de ginástica artística obteve a inédita vaga na final olímpica, ontem, em Pequim. Daiane dos Santos, Jade Barbosa, Daniele Hypólito, Laís de Souza, Ana Cláudia Silva e Ethiene Franco garantiram o sétimo lugar e a oportunidade de disputar uma medalha, amanhã, a partir das 23h30 de Brasília (10h30 da quarta-feira, na China).

O Brasil garantiu mais quatro finais. Jade no salto (7ª, com 15.050 pontos), Daiane no solo (5ª, com 15.275) e Jade novamente no individual geral (12ª, com a pontuação de 59.500). Ana Cláudia Silva, que ficou na 28ª colocação, com 57.575 pontos, foi beneficiada pelo regulamento, pelo qual apenas duas atletas de cada país são permitidas por decisão. Assim, subiu posições e entrou na 23ª das 24 vagas à final.

A seleção de Oleg Ostapenko somou 233.800 pontos e desbancou potências como Japão, Grã-Bretanha, Itália, Ucrânia e Alemanha. As líderes chineses conseguiram 248.275, seguidas das americanas (246.800) e

das russas (244.400). "Eu sempre disse para as meninas que nós merecíamos essa classificação pelo trabalho que foi feito nos últimos oito anos. Sofremos e treinamos muito", disse Daiane dos Santos, quinta colocada no solo em Atenas/2004. "Agora estou mais madura e tranqüila. Só falta uma medalha, seja ela qual for."

SEM FALAR

Jade Barbosa, apesar do feito histórico, evitou a imprensa. "Não posso falar, não posso falar", disse a ginasta, ao passar correndo pela zona mista (local de entrevistas).

A atleta tinha a intenção de também obter uma vaga na final do solo, mas ficou apenas como segunda reserva (décimo lugar). Ela pisou fora da linha que delimita o tablado e acabou punida pelos árbitros. Ficou com a nota 14.800.

Mas o pior momento de Jade, que até chegou a chorar, e de toda a equipe foi na trave. Só Ana Cláudia e Ethiene não caíram no aparelho. Outro momento de tensão ocorreu nas barras assimétricas, quando Ana Cláudia Silva abriu um grande ferimento na palma da mão enquanto preparava a saída do aparelho. Possivelmente por conta da dor, a ginasta acabou caindo no fim da apresentação. Ela foi atendida pelo médico da seleção, Mário Namba, e ainda conseguiu competir na trave.

Depois da final por equipes, amanhã, a ginástica brasileira ainda terá outros desafios no decorrer da semana. Jade e Ana Cláudia disputam o individual geral, na sexta-feira. Domingo será a vez de Jade se apresentar no salto e de Daiane e Diego Hypólito representarem o Brasil no solo.

Estadão

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