terça-feira, 21 de junho de 2011

Brasil desembarca para Copa América dependente de craques garotos

Ganso, Pato, Lucas e Neymar não têm em quem se espelhar na seleção como tiveram Pelé, Romário, Ronaldo...

Marcel Rizzo, enviado iG a Los Cardales (Argentina) | 21/06/2011 07:49
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Foto: Getty Images Ampliar
Neymar com Robinho no primeiro jogo da era Mano: experiência do amigo não ajuda
A seleção brasileira desembarca nesta terça-feira (21 de junho), na Argentina, dependente de jogadores em formação para tentar o terceiro título seguido da Copa América (o nono no total). Não há um craque experiente para orientar os garotos: os mais velhos são o zagueiro Lúcio, 33 anos, e o goleiro Júlio César, 31, resgatados pelo técnico Mano Menezes depois do fracasso na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, para tentar balancear o time titular com os novatos.
Mas Júlio e Lúcio estão longe de ser decisivos (apesar de o goleiro ser ótimo) e Alexandre Pato, 21 anos, Lucas, 18, Paulo Henrique Ganso, 21, e Neymar, a estrela de 19, vão ter que amadurecer com a camisa amarela em meio a uma importante competição, a primeira das duas oficiais antes da Copa de 2014, que será no Brasil (tem também, em 2013, a Copa das Confederações). Ganso e Neymar só se juntam à seleção quinta-feira, dia 23 de junho, um dia depois de disputarem a final da Libertadores pelo Santos contra o Peñarol, em São Paulo (Elano, 30 anos, também se apresenta depois).
“Temos uma renovação em andamento, mas nada pode ser feito de qualquer maneira. É preciso ter base para que esses garotos talentosos brilhem”, disse Mano Menezes, que quando assumiu, em julho de 2010, recebeu a missão do presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, de rejuvenescer a seleção começando por chamar os jovens do Santos, rejeitados por Dunga para a Copa africana.
O problema é que a mescla é desigual. Neymar não tem um craque a quem se espelhar, como tiveram outros jogadores quando chegaram jovens à seleção. Pelé, por exemplo, aos 16 anos estreou ao lado de Didi, então com 29 – difícil esquecer o meia do Botafogo pegando a bola dentro do gol e acalmando o grupo depois de a Suécia ter aberto o placar na final da Copa de 58 (o Brasil virou, venceu por 5 a 2 e foi campeão pela primeira vez) . Ronaldo, 17, teve Romário, 28 anos, como veterano na Copa do Mundo de 94 e Kaká, aos 20, via um Ronaldo de quase 26 ressuscitando para o futebol na Copa de 2002. Veja abaixo quadro com os “gurus” de então jovens candidatos a craques:


Início na seleção principal Jogador referência
Garrincha (1955, aos 22 anos) Didi (aos 27 anos)
Pelé (1957, aos 16 anos) Didi (aos 29 anos)
Zico (1976, aos 23 anos) Rivellino, (aos 30 anos)
Romário (1987, aos 21 anos) Careca (aos 26 anos)
Ronaldo (1994, aos 17 anos) Romário (aos 28 anos)
Kaká (2002, aos 20 anos) Ronaldo (aos 26 anos)

Decepção

Foto: Reprodução
Pelé chora no ombro do mestre Didi após título na Copa de 58: um jogador para se espelhar
O craque "guru" de Neymar terá que ser ele mesmo, mas essa função poderia ser de Robinho. Com 26 anos, o jogador do Milan despontou em 2002, no Santos, com futuro brilhante à frente. Foi comparado (como tantos outros) a Pelé, mas ao sair do Santos em meados de 2005, para jogar no poderoso Real Madrid (clube espanhol que sonha com Neymar), a carreira de Robinho nunca mais ascendeu. Fracassos no Real e no Manchester City (ING), retorno ao Santos por empréstimo, e negociação com o Milan. Apesar de ter feito boa temporada em 2010/2011, Robinho está longe de ser o craque milanista e, por conseqüência, da seleção brasileira.
Mano Menezes até apostou em Robinho para ser o protagonista, dando a ele a tarja de capitão nos cinco primeiros amistosos. Mas Robinho não correspondeu em campo por dois motivos, apurou o iG: 1) teve atuações ruins e pode até perder a vaga de titular durante a Copa América; 2) não tem perfil para ser capitão porque seu estilo “molecão” faz com que os outros atletas não o respeitem tanto. Lúcio, que só teve três convocações com Mano, chegou recuperando a tarja. Robinho, em caso de saída, poderia dar lugar ao jovem Lucas, de 18 anos, que um ano atrás nem fazia parte do time profissional do São Paulo.
No esboço do time titular de Mano para estrear contra a Venezuela dia 3 de julho, em La Plata, Robinho divide o ataque com Pato e Neymar e Ganso está na armação o time, com Elano (ou Lucas Leiva) e Ramires completando o meio de campo. Se Leiva for o escolhido, o Brasil não terá nenhum atleta com mais de 30 do meio para frente - a média de idade do time titular seria de 25,2 anos, três anos inferior às duas últimas Copa do Mundo (28,2 em 2006 e 28,7 em 2010).

“O time é jovem, mas acho que tem bastante qualidade e pode jogar bem. Todos nós temos personalidade”, disse Neymar após os amistosos contra Holanda (0 a 0) e Romênia ( 1 a 0, gol de Fred, 27 anos). Os torcedores de Goiânia e de São Paulo vaiaram a seleção.


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